A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA: A MULHER ADÚLTERA
I
Conforme o texto de Jo 8.1-11, Jesus ensinava o povo quando
alguns escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em
adultério. Não temos informações acerca do homem que com ela adulterava, nem a
razão de não ter sido trazido também.
É possível imaginar a hostilidade com que a mulher foi
tratada, a vergonha pública a que foi submetida. Havia por parte dos escribas e
fariseus um suposto desejo de justiça em relação ao fato, visto que na verdade
o interesse maior era ter do que acusar Jesus (v. 6).
"Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante
adultério. E na lei mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu,
pois, que dizes?", foi a pergunta dos escribas e fariseus. A lei
determinava a pena de morte para este delito (Lv 20.10; Dt 22.22-24).
Silenciosamente Jesus se inclina e passa a escrever na terra com o dedo. Os
acusadores insistem na pergunta, pelo que Jesus se levanta e diz: "Aquele
que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra" (v.
7). Ele volta silenciosamente a inclinar-se e a escrever no chão.
Enquanto Jesus escreve na terra, suas palavras escrevem e
marcam a consciência dos escribas e fariseus, e um após outro, a começar pelos
mais velhos até os últimos, se retiram.
É neste exato momento, ao ficar só com a mulher, que a graça
(favor imerecido) será percebida claramente na fala e nos atos de Jesus.
A GRAÇA DIALOGA
Apenas pela graça, visto que o pecado separou o homem de
Deus, é que torna-se possível o diálogo de Deus com o homem. Assim como em
tantos outros eventos, a começar pelo Éden, aqui, mais uma vez, o Senhor toma a
graciosa iniciativa de conversar com o ser humano, sendo Ele quem é, e nos quem
somos: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
Respondeu ela: Ninguém Senhor!" (v. 10, 11a)
A GRAÇA ABSOLVE
Pela lei a mulher era culpada. O rei Davi vivenciou uma
situação parecida, e mesmo sendo culpado foi objeto da graça de Deus (2 Sm
12.1-15). Jesus, Deus encarnado, lhe diz: "Nem eu tampouco te
condeno" (v. 11b). O libelo acusatório é graciosamente contestado e
suplantado pelo argumento e tese da graça. "Quem intentará acusação contra
os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus
quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também
intercede por nós" (Rm 8.33-34).
A GRAÇA LIBERTA
A graça liberta das prisões do pecado e da culpa. A ordem é
clara: "vai"(v. 11c). Sem discursos, sem rodeios, sem ameaças. A
libertação provinda da graça é objetiva, plena e verdadeira: "Se, pois, o
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (Jo 8.36).
A GRAÇA RESPONSABILIZA
Não estamos tratando aqui de relativização moral ou de
antinomismo (aversão às leis). Estamos tratando sobre a graça que busca na
essência e no espírito da lei o seu real significado e propósito. A graça de
Deus outorga perdão, mas é acompanhada de um convite à responsabilidade:
"não peques mais" (v. 11d). A superabundância da graça (Rm 5.20) não
nos dá o direito de abusar ou de banalizá-la: "Que diremos pois?
Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum!
como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?" (Rm 6.1-2)
A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens
(Tito 2.11). Se aproprie dela em nome de Jesus!
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