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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Como será o Céu?

Lothar Gassmann
Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia.” (Apocalipse 21.1)
Haverá novos céus e nova terra. A Bíblia diz claramente que o mundo atual, o atual cosmos hostil a Deus, é passageiro (Mateus 24.35; 1Coríntios 7.31; 1João 2.17; 2Pedro 3.10-13; Apocalipse 6; 8–9; 16; 19–21). Os elementos se fundirão pelo fogo. Surgirá então um novo e maravilhoso mundo que terá dimensões bem diferentes do que nossa realidade conhecida e imaginável. Sua glória será tão imensa que é comparada com uma cidade que possui portas de pérolas e as mais belas pedras preciosas. Palavras humanas conseguem apenas fazer uma alusão a essa glória.
Como será o céu? Podemos dizer algo a respeito? Com muita humildade e com alegre expectativa, menciono as seguintes características:
  • O objetivo é que poderemos ver, amar e servir a Deus (Apocalipse 4–5; 7.15; 22.4);
  • A recompensa que nos aguarda é eterna salvação, alegria e paz (1Pedro 1.9; Apocalipse 7.16-17);
  • O único caminho que conduz ao céu passa por Jesus Cristo, que morreu por nós na cruz do Gólgota (João 14.4; Atos 4.12; 1Coríntios 3.11);
  • Como preparação, devemos buscar pelo reino de Deus e sua justiça, então tudo o mais nos será concedido por sua graça (Mateus 6.33);
  • No céu há uma herança aguardando por nós que jamais perecerá (1Pedro 1.4);
  • Louvaremos a Deus juntamente com todos os anjos (Apocalipse 4–5);
  • Receberemos um novo corpo celestial que será imperecível, puro e repleto de poder (1Coríntios 15.35-58);
  • Estaremos lavados e purificados por meio do sangue de Jesus Cristo, o Cordeiro sacrificado por nós, e teremos vestes brancas (Apocalipse 7.14);
  • O inferno, a morte e o Diabo não poderão nos atingir, nem mesmo enfermidade e sofrimento, fome e sede etc. (1Coríntios 15.55-57; Apocalipse 21.1-4);
  • O céu é um lugar sagrado onde nada impuro pode entrar (Apocalipse 21–22);
  • No céu não haverá lugar para “os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos” – a não ser que eles se converteram para Jesus Cristo e se arrependeram de suas infâmias (Apocalipse 21.8);
  • Para os crentes, vale: seremos reis e sacerdotes de Deus (Apocalipse 5.10);
  • Diante do trono de Deus encontraremos pessoas de todos as tribos, povos, línguas e nações (Apocalipse 7.9);
  • Os vencedores receberão diferentes coroas: a coroa da vida para tentações sofridas (Tiago 1.12), a coroa da alegria para os conquistadores de almas (1Tessalonicenses 2.19), a coroa da justiça para todos os que permaneceram firmes à espera do Senhor (2Timóteo 4.8) e a coroa da fidelidade para todas as testemunhas de sangue de Jesus Cristo (Apocalipse 2.10);
  • A nova Jerusalém, a cidade que veio dos céus, terá a beleza e a pureza que as palavras humanas podem apenas sugerir: ouro, pedras preciosas, portões de pérolas, medidas perfeitas, com o próprio Deus sendo a sua luz (Apocalipse 21–22).
O conhecido pastor Charles Haddon Spurgeon falou acertadamente sobre a glória celestial: “As ruas de ouro pouco nos impressionarão e os sons das harpas dos anjos pouco nos alegrarão em comparação ao Rei no meio do trono. É ele quem atrairá para si os nossos olhares e pensamentos, que despertará nosso amor e levará nossos sentimentos santificados ao nível máximo de infindável adoração. Nós veremos Jesus!”.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Perdão – Como, quando e por quê precisamos do perdão de Deus?

Existe algo que você jamais poderia perdoar? Como, quando e por quê precisamos do perdão de Deus? Como saber se de fato eu recebi o perdão de Deus? Quem eu preciso perdoar? Conheça o processo pelo qual o perdão acontece!

perdão


Nada mais importante para o ser humano do que ser perdoado por Deus, mas como, quando e por quê nós precisamos ser perdoados?
Antes de tudo é preciso entender processo pelo qual o perdão acontece.

1. Aceitar que existe um problema

É preciso reconhecer que existe algo errado com nosso caráter e com nosso comportamento (Salmos 14.2-3, Ec 7.20).
A dificuldade em reconhecer que existe este problema acontece principalmente por dois motivos:
a) Se comparar com outras pessoas, que cometem erros “piores” (Gl 6.3-5).
b) Tentar enxergar a própria sujeira se olhando no escuro (1Jo 2.11). É preciso haver luz! (Jo 12.35, Ef 5.11).
E essa luz é Jesus Cristo! (Is 9.2, Jo 1.4, Jo 8.12).
Jesus é nosso modelo de comportamento, atitudes e pensamentos (Fp 2.5, 1Co 11.1).
Somente quando nós nos comparamos a Jesus Cristo é que passamos a entender a necessidade de sermos perdoados. Nós não temos condições de permanecer na luz sem nos incomodarmos com a nossa sujeira. A partir daí nós temos duas opções: ou sermos limpos ou voltar para as trevas (Jo 3.19-21). E para sermos limpos, entra a segunda parte no processo do perdão, que é o arrependimento.

2. Arrependimento

Arrependimento é muito mais do que uma simples emoção ou tristeza. Arrependimento é uma mudança de mente (Rm 12.2), uma mudança de atitude (At 26.20, Mt 3.8). É seguir numa direção oposta a qual você estava seguindo (Ef 4.28). O arrependimento é uma decisão definitiva, sem volta (Lc 9.62, 2Pe 2.21-22). Sem arrependimento não há perdão, não há cura e não há salvação! (Lc 13.5, Mt 13.15).
E para tomar essa decisão nós precisamos entender a forma como Deus concedeu seu perdão, afinal, Deus não esqueceu meus erros e simplesmente me considerou inocente, na verdade eu já fui julgado e condenado pelo meu pecado (Ef 2.1-2). Existia um preço a ser pago (Cl 2.13-14) que eu não teria condições de pagar. Foi então que Jesus Cristo tomou meu lugar e se ofereceu como sacrifício pelos meus pecados (Rm 5.8), ou seja, aquele que me perdoou se ofereceu como sacrifício.
Esse é o princípio: para ser perdoado é preciso arrependimento (At 3.19), e para perdoar é preciso pagar um preço (1Co 7.23), é preciso sacrifício.
Agora, como saber se realmente eu me eu arrependi e recebi o perdão de Deus? Através da terceira, quarta e quinta parte do processo do perdão:

3. Perdoar a si mesmo

Pode até parecer algo simples, mas muitas pessoas tem dificuldade de entender a extensão do perdão de Deus e se sentem culpadas por pecados que já foram perdoados.
Se houve arrependimento, Deus perdoou todos os nossos pecados (Cl 2.13), do mais antigo ao mais recente, do mais simples ao mais grave (Is 55.7, Lc 7.47-48).
A Bíblia ensina que é como se Deus tivesse lançado nossos pecados nas profundezas do mar (Mq 7.19) e não se lembrasse mais deles (Is 43.25, Jr 31.34).
E como nós não deixaremos de pecar (1Jo 1.10), o perdão de Deus abrange inclusive os pecados futuros (Jo 13.10, Ap 2.4-5), porém, nossa luta agora deve ser contra o pecado (Hb 12.4). Mas quando ele acontecer, deve haver arrependimento, devemos confessar esse pecado a Deus (Sl 32.5) para sermos perdoados (1Jo 1.8-9).

O que não pode acontecer é o pecado consciente, praticado de forma intencional, que não gera arrependimento e, se não gera arrependimento, não há perdão (Hb 6.4-6).
E vale lembrar que apesar do perdão de Deus, pecados geram consequências maiores ou menores de acordo com a gravidade ou intensidade do pecado (Gl 6.7-8). Vamos supor que você matou alguém no passado e ninguém ficou sabendo, e você entregou sua vida a Cristo, o que acontece? Você é perdoado por Deus, mas precisa se entregar para a justiça e cumprir a pena (Tg 4.17). Isso faz parte da caminhada com Deus, ou seja, você não está mais sozinho para enfrentar as consequências (Fp 4.12-13).
Por isso que, uma vez perdoado por Deus, não deve mais haver o sentimento de culpa, porque isso seria duvidar da eficácia do perdão e do sacrifício de Cristo (Hb 10.10-14).
E também não é preciso pedir perdão mais de uma vez pelo mesmo pecado! Se você se arrependeu e pediu perdão, está perdoado! Pedir perdão repetidas vezes pelo mesmo pecado é sinal de remorso e não de arrependimento (2 Co 7.10).
Agora, algo geralmente mais difícil do que perdoar a si mesmo é pedir perdão ao próximo.

4. Pedir perdão ao próximo

A dificuldade aqui está na necessidade de se humilhar e reconhecer o erro (Lc 6.42).
E uma dúvida bastante comum é que “se eu já pedi perdão pra Deus, eu ainda preciso pedir perdão pra pessoa?” Sim, é um mandamento! (Mt 5.23-26). “Mas se a pessoa já morreu?”, neste caso pedir perdão a Deus é suficiente, ou então você pode procurar um familiar da pessoa.
E como vou saber para quem devo pedir perdão? O Espírito Santo te faz lembrar da pessoa e também causa um incomodo quando você encontra com ela (Jo 14.26). E é claro que você pode orar e pedir a para Deus te revelar quais são essas pessoas.
Como deve ser meu pedido de perdão?

a) Levantar a dívida

O pedido de perdão ao próximo devo ser específico, não funciona dizer “desculpa qualquer coisa”. Você precisa “levantar a dívida”, ou seja, dizer exatamente o que aconteceu e reconhecer o erro (Tg 5.16).

b) Evitar justificativas

É preciso cuidado para que o pedido de perdão não venha acompanhado de justificativas, dizer que errou porque “estava nervoso” ou porque “teve um problema com o chefe” etc, é preciso assumir a responsabilidade pelo erro, independente das circunstâncias (1Pe 5.6). Podemos explicar uma situação, mas não devemos fazer uso dela para manipular a consciência alheia, minimizando a gravidade do nosso pecado ou até mesmo colocando a culpa em uma terceira pessoa.
E se, mesmo diante disso, a pessoa não te perdoar, o problema será dela. A sua parte foi feita (Lc 6.33-35), já houve arrependimento, e esse é o papel de quem é perdoado.
E finalmente, talvez o ponto mais difícil no processo do perdão: perdoar o próximo!

5. Perdoar o próximo

No final da oração que Jesus ensinou em Mateus 6 diz: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” (Mt 6.12)
Na sequência Ele explica: “Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas.” (Mt 6.14-15)
Por isso que perdoar o próximo não é opcional, muito pelo contrário, é requisito fundamental, inclusive para salvação (Mc 11.26).
E se eu preciso perdoar, em primeiro lugar eu preciso saber o que é perdoar.

O que é perdoar?

Perdoar é mais do que simplesmente abandonar o ressentimento e o desejo de vingança, perdoar é permitir que aquele que foi perdoado, de alguma forma, se aproxime (Ef 2.13). Não significa que essa pessoa vai se tornar seu melhor amigo, mas algo precisa ser restaurado (Ef 2.16). Perdoar não é somente desconsiderar uma dívida, perdoar é assumir a dívida. Para perdoar é preciso pagar um preço (1Co 6.20).

Existe algo que você jamais perdoaria?

É possível perdoar uma pessoa que cometeu um abuso sexual ou até mesmo um assassinato? É possível perdoar quando o dano causado é tão grande? Se a Bíblia diz que eu preciso perdoar para ser perdoado por Deus (Jo 20.23), significa que de alguma forma isso tem que ser possível.
Jesus ilustra essa situação com uma parábola, em Mateus 18, onde um homem que devia uma quantia impagável ao rei, nem que ele trabalhasse por 100 anos ele não conseguiria pagá-la. E ele implora ao rei por misericórdia, e o rei perdoa a dívida. Logo depois, este mesmo homem encontra alguém que lhe devia uma quantia extremamente inferior, equivalente a mais ou menos 100 dias de trabalho. Essa pessoa implora por misericórdia, da mesma forma como ele implorou ao rei, porém, ele não perdoa e exige que essa pessoa pague cada centavo. E, por causa dessa atitude, o rei voltou atrás e exigiu que ele também pagasse cada centavo da sua dívida. (Mt 18.23-34).
E o significado desta parábola é muito claro, a dívida com o rei é a nossa dívida com Deus. E a dívida menor é a dívida que nós devemos perdoar o próximo! Não perdoar é agir como o homem da parábola, e a consequência é a mesma (Mt 18.35).
Mas como isso é possível? Como a dívida de um homem com Deus poder ser maior do que a dívida que um assassino tem com os pais da vítima?

O preço da nossa dívida

Realmente, se você não souber o tamanho da sua dívida perdoada por Deus, fica praticamente impossível perdoar algo assim!
a) O que o pecado representa para Deus
Para saber o tamanho da nossa dívida com Deus é preciso entender que a gravidade do menor pecado é gigantesca se comparada ao nível de santidade e perfeição de Deus (Is 55.8-9). Não é o que o pecado representa para nós, que somos falhos e que pecamos (Is 64.6), mas é o que o pecado representa pra Deus, um ser santo (1Pe 1.16) e perfeito (Mt 5.48) que nunca pecou (Tg 1.13).
b) O problema é contra quem nós pecamos
Não foi contra um ser humano, mas foi contra o criador do Universo (Êx 3.14, Mt 10.28), contra um ser eterno, onisciente, onipresente e onipotente! O fato de não crer em Deus, ignorar sua existência, seus mandamentos e o seu juízo, é algo gravíssimo (Jo 16.8-11, Sl 14.1, Rm 3.10-18, Rm 2.4, Dn 9.9-10), pois a partir daí é que surge todo tipo de pecado, da simples mentira ao assassino.
O tamanho de uma dívida é medido pelo preço a ser pago. É assim que funciona! Qual seria nossa punição pelo pecado? A eternidade no inferno (Mt 25.46), esse era o preço! Mas o que aconteceu? Jesus pagou o preço! (1Pe 1.18-19). Por isso o sofrimento de Jesus foi tão grande. O preço era muito alto!
E o mais impressionante é que, mesmo sem merecer, nossa dívida foi paga (2Co 5.21), e nós ainda recebemos o dom da Vida Eterna (Rm 6.23). Jamais esqueça isso: além da dívida paga, nós também recebemos a Vida Eterna!
Por isso que nós, uma vez perdoados por Deus, devemos perdoar nosso próximo, independente do que ele tenha feito. Entender que Deus julga com sua justiça que é perfeita (Rm 2.2,5). Se houver arrependimento, não há mais condenação (Rm 8.1), mas se não houver arrependimento, a condenação será terrível.
Lembre-se: um assassino convertido deixará de matar e poderá salvar vidas através de Cristo.
Não cabe a nós o julgamento (Lc 6.37, 1Co 4.5), pois de uma forma ou de outra, nós estávamos na mesma situação (Rm 2.1, Is 59.2), foram nossos pecados quem levaram Jesus Cristo para a cruz (Rm 4.25). Nossa obrigação agora é perdoar como Ele nos perdoou (Cl 3.13, Ef 4.32).

Perdoar é uma atitude

Perdoar é uma atitude, é uma decisão! Ninguém sente vontade de perdoar. Perdoar é como tratar uma ferida infeccionada, ninguém quer abrir a ferida e jogar álcool pra limpá-la, isso vai doer muito! Mas depois você fizer isso, você vai poder fechar esta ferida de vez, e a dor vai diminuir com o passar do tempo, e o tempo só cura feridas que foram tratadas (Lc 10.33-34). Por isso também que perdoar não é esquecer o que aconteceu, afinal você vê a cicatriz, pode tocá-la, mas não há mais dor.
Quantas vezes devo perdoar?
Quantas vezes forem necessárias! (Lc 17.3-4, Mt 18.21-22)
Quando devo perdoar?
O mais rápido possível, Jesus disse “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23.33-34) no momento em que ele ainda estava sendo pregado na cruz.

Se você entendeu o que está em jogo no fato de perdoar ou não, com toda certeza você vai encontrar forças para perdoar! (2Co 5.14-15).

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Piedade em um mundo fora de controle

Daniel Lima
Professor de português utiliza termos sexuais pervertidos para ensinar a diferença entre o idioma culto e o vulgar. Professor de jornalismo anseia ardentemente que manifestantes passem a matar evangélicos. “Pastor” brasileiro afirma que a igreja evangélica está doente e sua doença atingiu o Brasil. Pastor com declarada opção pela ideologia marxista lança movimento contra evangélicos que apoiam o presente governo e, portanto, não são cristãos verdadeiros. Pastora anglicana declaradamente lésbica assume direção de organização nacional pró-aborto. Jornalista afirma que países democráticos deveriam decretar o banimento dos evangélicos, pois eles estão sempre do lado do mal.
Cada uma das notícias acima foi retirada de meios de comunicação sem qualquer censura ou filtro. São apenas exemplos de inúmeros outros eventos e opiniões que atacam diretamente a fé cristã e suas propostas. Por um lado, ditos cristãos lutando por um poder terreno e por posição e prosperidade; por outro, ditos cristãos combatendo os preceitos mais básicos da fé cristã. Há ainda aqueles que – dizendo falar em nome dos cristãos – identificam-se de tal forma com uma postura político-partidária que a única diferença de seus discursos é o fato de acrescentarem o nome de Jesus em velhos chavões políticos.
Coisas assim causam espanto e desassossego na maioria dos seguidores de Cristo. Surgem confusões, disputas, falta de unidade, agressões verbais e rupturas. Com frequência, em nome de Cristo. Em primeiro lugar, não deveríamos estranhar isso, pois há uma evidente diferença entre os ideais cristãos (cristianismo) e as práticas daqueles que se dizem cristãos (cristandade). Segundo, os cristãos que entendem a Bíblia como revelação de Deus não deveriam se espantar, pois a própria Palavra nos fala com bastante clareza de tempos assim. Veja, por exemplo, o texto de 2Timóteo 3.1-5:
1Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. 2Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, 3sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, 4traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, 5tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes.
A lista desta passagem engloba cada um dos exemplos acima além de acrescentar alguns. O que surpreende é que dentre aqueles que estão na lista acima, há aqueles que têm “aparência de piedade, mas [negam] o seu poder”, ou seja, buscam aparentar uma vida alinhada com Deus ou pelo menos com aquilo que é bom e puro, mas no entanto negam o poder da verdadeira piedade. Talvez tenham um discurso cristão ou pelo menos parecem defender uma causa nobre e pura. Afinal, à primeira vista, como não defender os direitos humanos? Como não se solidarizar com mulheres pobres que sofrem absurdos em clínicas de aborto clandestinas. No entanto, não há poder naquilo que dizem, pois suas palavras são vazias, têm apenas aparência de uma vida verdadeiramente piedosa.
O que leva pessoas, especialmente aquelas que professam a fé cristã, a tais posturas? Não creio que todos sejam intencionalmente perversos. Certamente há alguns que sim, mas não a maioria. Creio que há alguns que assumem tal compromisso com mitos e ideologias e que se recusam a ouvir a verdade. Paulo continua em seu texto a alertar Timóteo quanto a pessoas assim em 2Timóteo 4.3-4:
3Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. 4Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.
Conversando há alguns anos com uma mulher declaradamente marxista, inteligente e com excelente formação, comentei sobre minha fala com vários cubanos e de como estes apresentavam relatos das condições terríveis a que são submetidos. Ela me ouviu por um tempo até que disse: “Isso é mentira!”. Como eu mesmo nunca estive na ilha, prontamente lhe perguntei se ela já havia visitado Cuba. Ela prontamente respondeu que não, mas que sabia que era tudo mentira. A conversa não evoluiu muito a partir daí, mas fiquei com a forte impressão de que esta mulher tinha uma visão de mundo que a impedia de ao menos considerar fatos que não se encaixavam com sua perspectiva.
Essa impressão parece estar muito alinhada com a exortação de Paulo a Timóteo ainda na sua 2ª carta. No mesmo contexto ele afirma que Timóteo deveria se manter afastado de pessoas assim (verso 5), e a partir do verso 10 ele passa a explicar com mais cuidado sobre como reagir a estas posturas:
  1. Exemplos positivos – Timóteo deveria examinar e imitar a vida daqueles que verdadeiramente seguem ao Senhor Jesus. Suas vidas mostrarão o impacto de caminhar com Cristo.
  2. Perseguição – Timóteo é alertado que uma vida de piedade trará perseguições. Na verdade, tentar se alinhar com o mundo (com suas prioridades, seus partidos políticos, suas ideologias) é contrário a seguir a Jesus de modo integral.
  3. Escritura – Timóteo é exortado a permanecer na Palavra, pois esta é o firme fundamento para qualquer questão em nossas vidas. Todo cristão que deixa a Palavra fatalmente será absorvido pelo mundo.
No verso 7, Paulo conclui sobre sua própria vida: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”. Este deveria ser nosso sonho de futuro. Não importa quais as condições que Deus nos chama a suportar, esse é o retrato da piedade. Não necessariamente uma aposentadoria confortável e próspera, com fama e reconhecimento, como o mundo parece mostrar. O apóstolo Paulo passou suas últimas semanas de vida em um calabouço tenebroso e foi decapitado injustamente por ordem de um imperador enlouquecido e pervertido. Minha oração por você e por mim é que sejamos fiéis até a morte diante de um mundo cada vez mais fora de controle.

CRER E CONHECER

  Tudo parecia perdido. A tormenta estava arrastando o navio e toda a esperança de socorro havia desaparecido. De repente, uma voz foi ouvida: era o apóstolo Paulo que havia sido aprisionado por causa de sua fé. Ele diz: “o... Deus, de quem eu sou, e a quem sirvo”, me disse: “não temas!... creio em Deus, que há de acontecer assim como a mim me foi dito” (Atos 27:23-25). Ele tinha fé em Deus e acreditava que as coisas iriam acontecer conforme Ele havia revelado. De modo semelhante, o apóstolo Pedro falou o seguinte ao Senhor Jesus: “e nós temos crido e conhecido” (João 6:69).
  Para aprender e capturar verdades divinas com nossa inteligência, nós temos que receber as mesmas e crer nelas. O conteúdo moral e espiritual da Palavra de Deus é, primeiramente, apreendido por meio da fé, a qual vem por ouvir essa mesma Palavra. É dessa forma que coisas ocultas aos sábios, e das pessoas inteligentes, pode ser conhecido por crianças (cf. Lucas 10:21). “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11:1).
  Quem pode explicar como o Senhor, na Sua vinda, irá ressuscitar os corpos daqueles que Ele redimiu para conduzi-los à glória, sem cometer um erro? Se você insistir em entender antes de crer, está perdendo seu tempo, e pode, até mesmo, perder sua alma. Deus espera que creiamos e, por meio de nossa fé, Ele nos dá a certeza que necessitamos. “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Romanos 10:9).

Os difíceis primeiros anos de Jesus

Lothar Gassmann
“... pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo.” (Mateus 2.13b)
Jesus Cristo sofreu em nosso lugar. Esse sofrimento não iniciou apenas na cruz do Gólgota – ali houve a coroação e a consumação. O sofrimento de Jesus, porém, começou na manjedoura em Belém e encerrou na cruz diante de Jerusalém. A trajetória do Salvador foi da manjedoura para a cruz e da cruz para a coroa. Mais do que acontece com qualquer outro tema deste mundo, algo fica claro ao tratarmos dessa trajetória: não podemos falar sobre os feitos de Deus sem também adorá-lo por isso.
Desde a infância Jesus sofreu miséria, ódio, perseguição, ameaça à vida e a fuga para um país estrangeiro.
Os sofrimentos de Jesus já iniciaram por ocasião do seu nascimento. Maria e José, seus pais, não encontraram abrigo na superlotada cidade de Belém, não encontraram um lugar em que o bebê pudesse nascer, somente uma estrebaria. O Salvador do mundo nasceu sob as circunstâncias mais miseráveis e foi colocado numa manjedoura (Lucas 2.7). Os primeiros que o homenagearam foram pastores de ovelhas, à época uma profissão desprezada, e estrangeiros vindos do Oriente (Lucas 2.8-20; Mateus 2.1-12). A visita que os “magos vindos do oriente” fizeram ao rei Herodes, anunciando o “recém-nascido rei dos judeus”, despertou o seu ódio e uma terrível onda de perseguição: Herodes “ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades” (Mateus 2.16). José e Maria fugiram com Jesus para um país estrangeiro (Egito), de onde puderam voltar somente após a morte de Herodes (Mateus 2.14-21). Assim, desde a infância Jesus sofreu miséria, ódio, perseguição, ameaça à vida e a fuga para um país estrangeiro. Sua infância nunca foi tão romântica quanto parece ser nas atuais representações de presépios.

domingo, 17 de novembro de 2019

A Hora da Colheita
de Dennis Downing
Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Então disse aos seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos.” - Mateus 9:35-37
Sempre é preciso plantar. Nunca podemos deixar de semear o Evangelho nos corações de crianças e descrentes. No entanto, o que Jesus disse aos discípulos foi que está na hora de colher! A safra está madura, a seara está pronta!
Em nações desenvolvidas como o Brasil, os Estados Unidos, Portugal e tantos outros países, há milhões de pessoas que ouviram o Evangelho, sabem quem Jesus é, e só falta um servo do Senhor chegar para chamá-los à decisão! Estima-se que a população do mundo nos dias de Jesus figurava em torno de 200 milhões de pessoas. Isso era a população do mundo inteiro. Hoje, a população de um país como o Brasil chega a esse patamar!
Imaginemos que, quando Jesus disse que a colheita era grande, ele estava se referindo a todas as pessoas perdidas do mundo. O que era grande naqueles dias, hoje descreve praticamente os perdidos de um único país. E se os trabalhadores eram poucos naqueles dias, imagine a carência diante de uma população centenas de vezes maior!
Jesus está dizendo que todo o trabalho de preparar o solo, de plantar, cultivar e aguar já foi feito. Só falta os trabalhadores entrarem na seara e começarem a colher o fruto de almas para eternidade.
Será que não percebemos tudo que Deus já fez? Será que nós estamos vendo o tamanho da seara?
Será que o anseio do Senhor pelos perdidos não arde em nossos corações também? Tem alguém perto de você que só falta você chamar, convidar, ou dar o seu testemunho?
Que Jesus possa abrir os nossos olhos para que possamos enxergar também quão grande a seara já é!
Oremos: Pai, os trabalhadores do Senhor ainda não enxergaram o tamanho da colheita. Como um deles, eu confesso minha falha nessa área. Perdoe-me pela pouca compaixão que tenho tido para com os perdidos. Perdoe-me também porque não reparei o quanto o Senhor já fez e quão grande é a seara. Ajude-me a sentir o que Jesus sente quando ele olha para tantos que faltam tão pouco para serem resgatados. Em nome de Jesus eu suplico. Amém.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Arrependimento pode gerar mudanças de verdade?

Daniel Lima
Recentemente uma delegacia em Minas Gerais foi surpreendida por um fato inédito. Um rapaz se apresentou para devolver um celular que havia furtado. Ele resolveu devolver justamente na virada do ano, pois, “sabe como é ano novo, decidi levar uma vida nova” – disse o ladrão arrependido. Esta notícia deveria nos dar um novo fôlego de ânimo na capacidade do ser humano de mudar. Infelizmente, dois meses depois o rapaz foi preso novamente por furtar outro celular em um ônibus na região. Ao ser preso e questionado, disse que realmente tentou mudar, mas que, como estava apertado e sem dinheiro, “tive de fazer isso”.
Histórias assim são tristemente comuns. Em maior ou menor escala, quem de nós já não passou por uma experiência assim? Nos damos conta de que um comportamento nosso é destrutivo e ruim para nós, para os outros e é ofensivo a Deus. Nos arrependemos, prometemos (às vezes publicamente), e nossa decisão dura algum tempo. Mas as circunstâncias que favoreceram nosso pecado voltam a surgir e voltamos a praticá-lo, não raramente em uma escala maior ou mais intensa que anteriormente.
Remorso trata-se de uma tristeza profunda pelos efeitos de nossos atos, arrependimento é uma tristeza profunda pelos atos em si. Remorso é administrar consequências, arrependimento é abandonar um comportamento e estabelecer um novo modo de agir.
Existe arrependimento verdadeiro? Pessoas realmente mudam de comportamento? O que é um arrependimento verdadeiro? Estas perguntas são fundamentais para nossa vida e para ajudarmos pessoas que querem mudar, que desejam abandonar um comportamento ou uma prática que reconhecem ser destrutiva.
É fundamental diferenciarmos arrependimento de remorso. Apesar de uma aparência externa muito semelhante, às vezes impossível de distinguir, estas duas posturas são profundamente diferentes. Remorso trata-se de uma tristeza profunda pelos efeitos de nossos atos, arrependimento é uma tristeza profunda pelos atos em si. Remorso é administrar consequências, arrependimento é abandonar um comportamento e estabelecer um novo modo de agir. Em seu longo relacionamento com a difícil igreja de Corinto, o apóstolo Paulo trata diretamente deste tema. Após enviar uma carta bastante dura e ficar sabendo que os cristãos daquela cidade haviam se entristecido, ele afirma:
9Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa. 10A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte. 11Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade, que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a esse respeito. (2Coríntios 7.9-11)
No verso 9, o apóstolo afirma que não se alegrou com a tristeza, mas com o arrependimento. Infelizmente não é possível um sem o outro. Em nossos relacionamentos cristãos haverá momentos em que vamos gerar tristeza na pessoa que amamos. Apesar desta realidade também ser dolorosa para nós, há tristezas que geram arrependimento e isso é motivo de grande alegria!
Tanto arrependimento como remorso são fruto da tristeza. No entanto, arrependimento é fruto de uma tristeza segundo Deus e remorso resulta de uma tristeza segundo o mundo. Em minha experiência não é possível distinguir que tipo de tristeza se trata no momento em que esta é expressa. Lágrimas tem um alto poder de convencimento, mas não são uma prova de que a tristeza expressa vem de Deus, nem tampouco sua ausência significa que a tristeza é do mundo.
Os resultados de arrependimento são diametralmente opostos: arrependimento leva à salvação, remorso leva à morte (vide o remorso de Judas em Mateus 27.3-5). É possível, portanto, alguém ficar sinceramente triste com seu erro, mas tudo isso não passar de remorso. A origem da palavra remorso significa “voltar a morder”. É uma ilustração excelente desta tristeza que dói, mas não gera liberdade; continua “mordendo”, doendo, mas sem solução. Remorso gera morte pois escraviza e não aponta solução. Ou a pessoa aceita este seu comportamento como imutável ou ela apela para fugir da própria vida, como fez Judas.
Já o arrependimento gera uma série de resultados positivos. O principal deles é a própria mudança de vida. No verso 11 Paulo descreve os frutos do arrependimento:
  1. Dedicação – no arrependimento, a pessoa leva o que aconteceu muito a sério; não é apenas um deslize, é algo a ser tratado com dedicação, com atenção e levado às últimas consequências.
  2. Desculpas – um passo claro do arrependimento é o pedido de perdão. Não apenas um sinto muito, ou “deixa pra lá”, mas um ato de restituição relacional no qual o arrependido reconhece seu pecado e pede aos atingidos que o perdoem.
  3. Indignação – uma das expressões do arrependimento é uma condenação clara ao ato cometido. Não há aqui espaço para justificativas, não há espaço para explicações. A pessoas arrependida fica indignada com seu próprio erro e o vê como algo inaceitável.
  4. Temor – aquele que se arrepende se dá conta de como seu comportamento ofende a Deus em primeiro lugar. E é este temor que o move a mudar seu padrão de vida.
  5. Saudade – o temor “saudade” reflete o desejo de quem se arrepende de retomar um relacionamento que havia antes do pecado.
  6. Preocupação – no arrependimento há um desejo intenso de “acertar as contas”. Assim como a reconciliação, o pecado e a restituição são desejos ardentes, são temas centrais no coração do arrependido.
  7. Desejo de ver a justiça ser feita – Por fim, o arrependido deseja fazer restituição. Mesmo sabendo que com frequência não há como repor ou compensar a ofensa feita, o arrependido deseja que a justiça seja feita. Ele ou ela aceitam os passos que forem necessários para assumir seu erro.
Como está seu coração com relação aos erros que tem cometido? Como é sua tristeza ao se dar conta de um pecado. Você se arrepende ou sente remorso? Minha oração por você e por mim mesmo é que nosso coração esteja sempre pronto a um arrependimento verdadeiro. Como afirmou o autor Wyatt Graham: “Toda nossa vida deve ser marcada por confiança e arrependimento!”.[1]

Que tipo de sociedade está sendo construída?

Daniel Lima
Todo movimento que surge com minorias começa estridente, reclamando o direito de ser ouvido. A princípio pedem liberdade, pedem que não sejam oprimidos e que sejam tratados com dignidade. Infelizmente a história mostra repetidamente que uma vez estabelecidos, estes mesmos movimentos passam a coagir aqueles que pensam diferente e obrigá-los a viver como se concordassem com seus pressupostos. Lamentavelmente isso é em parte verdade na história da cristandade (não confundir com cristianismo: cristandade refere-se à civilização desenvolvida por grupos que se dizem cristãos; cristianismo é o conjunto de doutrinas daqueles que seguem a Cristo). Este começou como um movimento proscrito e perseguido, mas que após alguns séculos passou a perseguir quem não concordava com ele.
O movimento LGBTQ+ começou afirmando direitos e pedindo dignidade. Esperava combater abusos e injustiças. No entanto, uma vez estabelecida esta primeira fase, isso não basta. Há uma agenda que deseja levar todo ser humano a concordar com seus pressupostos. Nesta última terça feira (02/10), foi divulgada uma sentença de um tribunal britânico que concluiu que “a crença em Gênesis 1.27, falta de crença na transexualidade e objeção consciente ao transexualismo em nosso julgamento, é incompatível com a dignidade humana e conflita com os direitos fundamentais de outros”. O caso é de um médico cristão com 30 anos de prática, o doutor David Mackereth, que se recusou a preencher um formulário identificando um paciente biologicamente masculino como mulher. Ele aceitou tratar o paciente por seu nome social e foi gentil em todo o contato, mas se recusou a preencher a ficha com o que considerou uma “óbvia mentira”. Ele destacou que o hospital teria todo o direito de encaminhar o paciente em questão a outro médico. O evento ocorreu em 2018 e resultou em sua demissão. Após meses de batalha jurídica, a corte britânica deu ganho de causa ao hospital e emitiu a sentença mencionada acima.
A decisão aponta para o fato de que estamos caminhando para uma sociedade onde pensar diferente e expressar uma opinião divergente, mesmo com gentileza e respeito, não são mais atitudes aceitáveis e devem ser respondidas com sanções.
O que preocupa é quando uma corte em um país tido como democrático e desenvolvido considera-se capaz de determinar que crença bíblicas são incompatíveis com a dignidade humana. Certamente isso deve levantar questionamentos tanto na área de liberdade de consciência, liberdade de opinião como liberdade religiosa. A decisão de uma corte britânica não deve ser vista como uma conspiração mundial, mas aponta para uma agenda ideológica global. Não creio que este caso será um definidor de decisões futuras, mas aponta para o fato de que estamos caminhando para uma sociedade onde pensar diferente e expressar uma opinião divergente, mesmo com gentileza e respeito, não são mais atitudes aceitáveis e devem ser respondidas com sanções – no caso, a perda de um emprego.
Isso não deveria nos surpreender. Deus nos alerta por meio do profeta Isaías, no capítulo 5, verso 20, ao afirmar: “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo!”. O Senhor Jesus também nos fala que no mundo teremos aflições e seremos perseguidos por nossas crenças. Isso tudo parece coisa de estados medievais, mas estão muito mais presentes do que imaginamos. Como reagir diante disso tudo? Uma vez mais Jesus nos instrui por meio de Mateus 10.16-20:
16Eu os estou enviando como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas. 17Tenham cuidado, pois os homens os entregarão aos tribunais e os açoitarão nas sinagogas deles. 18Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis como testemunhas a eles e aos gentios. 19Mas, quando os prenderem, não se preocupem quanto ao que dizer, ou como dizê-lo. Naquela hora, será dado o que dizer, 20pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês.
Vejo aqui alguns princípios que creio serem fundamentais para todo cristão em qualquer situação de conflito ideológico:
  1. Não confie cegamente na justiça humana. O mais democrático e justo Estado ainda se curvará a ideologias humanas e opostas a Deus.
  2. Nossa força não está na agressividade. Somos ovelhas e não lobos. Infelizmente, alguns cristãos defendendo a causa correta se tornam tão vorazes quanto lobos. Isso é fazer o jogo do mundo.
  3. Devemos ser prudentes e não fazer afirmações descuidadas; ao mesmo tempo, precisamos ser simples e não desenvolver estratégias manipulativas. Isso, mais uma vez, seria fazer o jogo do Diabo.
  4. Seremos chamados a dar razão de nossa fé (1Pedro 3.15-18) e não necessariamente em uma situação de imparcialidade (lembre-se: ovelhas e lobos). Seremos injustiçados e tratados com crueldade.
  5. Ao mesmo tempo, estas são oportunidades para manifestarmos nossa fé diante de pessoas influentes.
  6. E para aqueles que, como eu, temem não saber o que falar, há uma promessa maravilhosa de nosso Deus: “... o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês”.
Minha oração pelo nosso irmão David Mackereth é que o consolo do Espírito Santo caminhe com ele e que seu proceder seja irrepreensível nesta batalha que apenas começa. Minha oração pelo mundo é que este se arrependa de seus pecados, rebeldia e arrogância. Minha oração por você e por mim é que sejamos encontrados fiéis em situações de conflito ou confronto, sempre manifestando tanto o amor como a verdade de nosso Senhor Jesus Cristo.

O melhor está por vir...

Daniel Lima
Nesta última semana ouvi pela segunda vez uma história marcante. Uma senhora cristã, ao perceber que sua vida estava chegando ao fim, chamou o pastor para fazer um pedido quanto ao seu funeral: ela pediu para ser enterrada segurando uma colher de sobremesa. O pastor, logicamente, estranhou o pedido e perguntou o porquê. Ela explicou com muita simplicidade:
– Quando éramos crianças, não era comum termos sobremesa em casa. Uma das minhas maiores alegrias então era quando minha mãe dizia: “Segurem suas colheres, temos sobremesa”! Assim eu sabia que o melhor ainda estava por vir! Quando eu deixar esta vida quero que todos que comparecerem ao meu funeral saibam que para mim a morte não é o fim... o melhor ainda está por vir!
Vivemos em tempos tão difíceis! Nos sentimos inseguros em casa ou fora dela, aqueles que nos governam nos decepcionam ou são claramente iníquos, previsões econômicas ficam entre ruins ou catastróficas. Como Paulo expressa em 2Coríntios 7.5, temos tido conflitos externos e temores internos. Uma vida assim pode gerar duas reações igualmente nocivas: (1) uma resignação, uma falta de esperança que não só gera apatia como em alguns casos até facilita um estado depressivo; ou (2) o perigo de nos engajarmos em “esperanças” vazias e fúteis, seja uma afiliação com certo movimento político, seja uma causa ideológica ou social. Muito embora sejamos chamados a participar deste mundo, e, em alguns casos, até nos engajarmos em movimentos e ações humanas, esta não pode ser nossa esperança.
Neste mundo seremos frustrados, sofreremos injustiças direta ou indiretamente, veremos decisões tomadas por governantes com intenções impuras e veremos a perversidade expressa das mais variadas maneiras. Nosso chamado não é para mudar o mundo, pois isso está fora do nosso alcance, mas para proclamar que conhecemos aquele que pode mudar vidas, nosso Senhor Jesus Cristo. É claro que nossa proclamação deve se manifestar de forma concreta e devemos sim participar de qualquer ação ou movimento que manifeste a justiça de nosso Deus, mas nossa esperança não deve estar nestas ações ou movimentos.
Qualquer solução para este mundo que não considere Jesus como foco central é apenas um paliativo, apenas um curativo para uma doença que em última análise é fatal.
Devemos lutar pelo bem, pela justiça; devemos manifestar nosso compromisso com a paz e com o amor, conforme Deus o define, mas nosso compromisso mais profundo é com nosso Senhor Jesus! Qualquer solução para este mundo que não considere Jesus como foco central é apenas um paliativo, apenas um curativo para uma doença que em última análise é fatal.
Jesus deixa isso bem claro em seu ministério aqui na terra. Ele poderia ter inaugurado o melhor sistema de saúde da história do planeta e com índice de 100% de cura. Ele poderia ter instituído a melhor distribuição de renda, com a mais absoluta justiça social. No entanto, ele fez o que era essencial para seu plano de redenção da humanidade. Ele morreu por nossos pecados e ressuscitou para que pudéssemos ter vida. Ele mesmo disse:
1Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. 2Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu teria dito a vocês. Vou preparar lugar para vocês. 3E, quando eu for e preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. (João 14.1-3)
O apóstolo Paulo também nos incentiva a colocar nossa esperança na eternidade. Mesmo sendo cidadão do mais poderoso império da época, e tendo tanto credibilidade como formação para se envolver nos múltiplos problemas da época, ele investiu e dedicou sua vida a um propósito eterno. Entre suas muitas declarações sobre o tema de que “o melhor ainda está por vir”, eu selecionei algumas:
16Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, 17pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. 18Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno. (2Coríntios 4.16-18)
21Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. 22 Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! 23Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor. (Filipenses 1.21-23)
7Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. 8Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda. (2Timóteo 4.7-8)
Nosso tempo aqui na terra até nossa morte ou até o retorno de Jesus não é o final da história. Realmente nossa esperança está nos céus! Aqui teremos aflições, disse Jesus, mas nele temos vitória sobre o mundo; não uma vitória conforme o mundo, mas algo muito melhor: a eternidade com Deus. Minha oração é que cada um de nós, como a senhora da história, descanse na certeza de que “o melhor está por vir”, mesmo que os tempos sejam maus, e que a injustiça se espalhe. “Segure sua colher...”!

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A ÁRVORE DA VIDA ÀS AVESSAS


Esse mundo é provisório e imperfeito. 


A responsabilidade da igreja é tornar nítida a imagem do Criador. É polir o espelho. “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3.18). 



Deus não criou a imperfeição. Tudo que foi criado foi feito de forma bela. Nada é mais belo que Aquele que criou todas as coisas. 


Deus é o perfeito paradigma da beleza. 


Toda a beleza subsiste Nele, e é Ele quem empresta beleza a tudo que há.


Ele é o Belo e não havia nada criado que fosse tão belo quanto Ele. 


Para ver a beleza em sua forma mais plena, Deus sempre olhava pra Si mesmo. E para se enxergar, Deus construiu um espelho de nitidez perfeita. Feito por Suas próprias mãos Deus chamou esse espelho pelo nome de Adão.


Feito à Sua imagem e semelhança, o homem foi essencialmente construído para refletir a imagem de Deus. 


O único ser criado como capaz de refletir a imagem do Criador é o Ser Humano. Todavia o pecado comprometeu a fidelidade do espelho. O pecado sujou onde o Criador Se contemplava todas as tardes, enquanto visitava o homem no Jardim. 


O pecado privou a Deus de Se contemplar todo dia.  


A aparência perfeita do homem foi destruída: o espelho foi manchado. 


Com o advento do pecado Deus não podia mais ver aquilo que é mais belo que tudo que existe: a Sua própria imagem, refletida na coroa de Sua criação.


A igreja deve assumir o seu papel diante do plano de redenção. O mundo e o universo serão modificados quando a igreja desempenhar o seu papel. 


Dentro do tempo a igreja mostrará da eternidade.


Quando a Igreja Invisível voltar a refletir a imagem do Criador, ela manifestará a glória da perfeição do mundo eterno de Deus em um mundo imperfeito.


A exposição pública de Cristo Crucificado é absolutamente suficiente para atrair o mundo à salvação. Nada além da Cruz.


A igreja não pode se cansar de expor a verdade acerca da Cruz de Cristo. 


Somente o Evangelho, e nada mais, é capaz de reinserir o homem ao cumprimento de sua missão primordial.


No Jardim do Éden existiam duas árvores. E as duas se perderam do mundo físico: A Árvore da Vida e a Árvore da Ciência do Bem e do Mal. Ambas não se encontram mais visíveis no planeta Terra. Desapareceram logo após o homem e sua mulher serem expulsos do Jardim. 


No dia em que foram expulsos, nada mais seria como havia sido até então. 


O mundo imperfeito mostrou sua cara feia ao homem e desde então todos nós vivemos nesse mundo, até agora. 


Esse é o mundo das imperfeições, lugar onde tudo é ao contrário. Um lugar borrado pela sujeira do pecado do homem.


Dentro do Jardim a Árvore da Vida era de uma beleza indescritível. Todavia seu reflexo produz uma imagem invertida no nosso mundo.


No mundo imperfeito a Árvore da Vida tem outra aparência: ela é um madeiro seco, sem vida e instrumento de morte. 


No mundo imperfeito a Árvore da Vida não está no meio de um jardim, mas no meio de duas outras árvores secas. 


O lugar não pulsa vida como no Éden. O cheiro de sangue invade o ambiente no topo árido da montanha do Gólgota. 


Na palestina do século primeiro Jesus morreu nesse madeiro. Expirou pendurado nessa árvore da vida, às avessas. 


Foi ele quem disse que cada um de seus seguidores deveria tomar sua cruz e segui-lo! Quem se deixa crucificar e morre nesse madeiro, viverá para sempre.


A cruz é: do lado de cá, o que a Árvore da Vida era, do lado de lá.


Por causa da nossa desobediência no Jardim, a mais pura beleza foi comprometida no mais íntimo de sua essência. 


No Jardim do Éden, tudo que era Belo tinha o poder de produzir vida. No nosso mundo, a beleza geralmente produz morte. Veja que pessoas encantadas pela suposta beleza desse mundo geralmente se alienam da necessidade de se ter Jesus. 


Do lado de cá, no nosso mundo, a feiura da cruz, o escândalo da cruz, é o único caminho de volta para nosso verdadeiro lar. 


Dentro do Jardim o homem podia livremente consumir o fruto da Árvore da Vida. Fora do Jardim, o fruto que me concede a vida eterna está na viagem da morte para a vida, que fazemos por meio daquele que disse: “minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6.55).

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